Especialistas dão orientações para sucessão familiar no segmento de marcenarias, que é o mais recorrente no assunto

É tradição a sucessão familiar na marcenaria e o ofício vai passando de pai para filhos, de tio para sobrinhos, entre outras relações de parentesco. No entanto, com a profissionalização cada vez mais recorrente no ramo, essa transmissão de conhecimentos não ocorre mais somente na prática. Não basta apenas acompanhar, desde jovem, o trabalho dos mais velhos na marcenaria. A tradição familiar na marcenaria exige domínio não somente do ofício de marceneiro, mas também de todos os envolvidos no processo.

A manutenção do negócio num mercado competitivo requer a aquisição de conhecimentos mais aprofundado em administração, em marketing, em relações com a clientela. Pensando nisso, as marcenarias vem preparando os mais jovens para assumir a marcenaria da família, o que também significa planejar uma série de passos que precisam ser seguidos.

Especialistas no assunto, a Rede Pró, de revendas de produtos e serviços a marceneiros, que possui conhecimento das especificidades de um empreendimento como uma marcenaria, e a Ricca & Associados Consultoria e Treinamento, que fornece orientações para sucessão empresarial, dão dicas para os profissionais da marcenaria.

De pai para filho

A Rede Pró, possui um projeto denominado “Geração Pró” que busca exatamente preparar novas gerações de empreendedores. O foco é a sucessão nas revendas mas, dada a relação direta que o segmento tem com a atividade das marcenarias, o projeto pode inspirar essa outra atividade. De acordo com a empresa, o projeto inclui a promoção de eventos como palestras e acompanhamento.

“Não somos especialistas em sucessão, porém, pela experiência de muitos anos de trabalho com empresas familiares, desenvolvemos um trabalho de mapeamento, sensibilização, alinhamento e mentoria, para auxiliar na inserção dos sucessores nos negócios”, afirma a assessora de comunicação da Rede Pró, Sandra Martins.

O consultor da Ricca & Associados, Domingos Ricca, destaca que qualquer tipo de negócio pode fazer corretamente a sucessão familiar na marcenaria. Aos marceneiros, o especialista dá a dica que deve nortear a intenção de transmitir o empreendimento para alguém da família. “No caso das marcenarias, não só há necessidade de garantir o aprendizado acerca do ofício, mas também a maneira pela qual o sucessor vai conduzir efetivamente o negócio da família”, comenta.

Ainda segundo o profissional, é fundamental preservar os valores que consolidaram a cultura do fundador, pois essa cultura também está presente em seus clientes e no mercado como um todo. “A cultura é determinante no posicionamento da empresa, como a organização que se caracteriza por meio da relação com clientes, colaboradores, fornecedores e até mesmo, concorrentes”, complementa Ricca.

Dicas e considerações

Os profissionais fazem algumas considerações e dicas sobre o processo de sucessão familiar no segmento de marcenarias. Em relação ao momento certo e na existência de uma regra para definir qual o momento em que o empreendedor do ramo de marcenaria deve iniciar o processo de sucessão da gestão de seu negócio, Sandra comenta que conceitualmente, o processo de sucessão inicia junto com o nascimento da empresa.

“A missão, visão e os valores da empresa devem obrigatoriamente observar o longo prazo. Claro que a empresa deve, por uma questão obvia de sobrevivência, vencer o dia, gerar os resultados e o caixa. Porém o jeito de pensar e tomar decisões, a formação da cultura da empresa, seja qual for seu tamanho, deve permitir que outras pessoas a conduzam no futuro. A empresa não pode ser dependente do fundador”, afirma a profissional.

O mais difícil na transição para uma tradição familiar na marcenaria é lidar com a gestão do negócio, de acordo com Domingos Ricca. Existem muitos fatores que precisam ser considerados na administração de uma empresa, como uma boa gestão do negócio, que é essencial para a preservação do empreendimento para as próximas gerações. “Não por acaso, somente 30% das empresas familiares no Brasil chegam à segunda geração e apenas 5% à terceira. Porém, é importante que o sucessor tenha uma vivência consolidada na empresa, que conheça todas as áreas da organização e que seja preparado para o cargo que irá assumir”, comenta.

A naturalidade da sucessão familiar é vista de duas formas pela assessora da Rede Pró. “As duas formas podem ser bem sucedidas. Muitas empresas optam em que os sucessores cuidem primeiro da formação acadêmica, ou até trabalhem em outras empresas, antes de assumir os negócios da família. Também há casos em que a sucessão se dá de forma gradativa e natural, com o sucessor participando da empresa desde cedo. Não acreditamos que exista uma regra para essa decisão”.

A profissional complementa que dizendo que o processo de sucessão familiar na marcenaria deve ser intencional, planejado, pensado e discutido, com regras que devem ser estabelecidas entre os sócios e os membros da família. “Qual o papel de cada um, como se dará a escolha de quem será o principal executivo, quais as alçadas para a tomada de decisão, o modelo de governança, distribuição de resultados, investimentos, são exemplos de regras. Deve-se planejar a capacitação e experiência necessária a quem vai assumir cada papel, além das questões legais”, afirma Sandra.

Sucessão familiar na marcenaria

Em relação a transição, o consultor da Ricca & Associados frisa a necessidade de primeiro, o sucessor buscar formação. “O processo sucessório deve ser planejado e o sucessor precisa ser preparado para assumir a empresa, essa preparação deve acontecer muito antes da ocupação do cargo e é fundamental que o fundador acompanhe de perto esse processo transitório”.

“O filho que assumir a gestão da empresa deverá representar mais claramente os valores da família, que normalmente são: trabalho duro, comprometimento com o sucesso do negócio, disposição para se sacrificar pelo cliente, confiança dos familiares”, complementa.

Ricca pontua mais algumas providências para uma melhor sucessão familiar na marcenaria. “A continuidade deve ser realizada com o planejamento sucessório, além de inclusão de ações de governança corporativa (independentemente do tamanho da empresa), Esse é um instrumento de profissionalização e de transparência, que permite a redução dos conflitos entre parentes. Com estes dois requisitos cumpridos (planejamento acessório e profissionalização), a empresa seguirá por muitas gerações”, finaliza.

 

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Por Thiago Rodrigo