Base histórica do empreendedorismo em todo o mundo, as empresas familiares enfrentaram desafios próprios ao longo dos últimos 14 meses, além da grave crise econômica e todas as mudanças de hábitos ocorridas ao longo da pandemia. Mas nem por isso elas sucumbiram ou deixaram de aproveitar suas capacidades e vantagens naturais. A conclusão é da 10ª Pesquisa Global de Empresas Familiares.
O estudo aponta que para prosperar no mundo atual será preciso repensar prioridades e comportamentos, aumentar o investimento digital e redefinir o conceito de legado. Foram ouvidos 2.801 tomadores de decisão de empresas familiares em 87 territórios, 282 deles no Brasil, entre 5 de outubro e 11 de dezembro de 2020.
De acordo com o relatório, as empresas familiares brasileiras tiveram desempenho forte no último ano financeiro (antes da pandemia de Covid-19) e melhor do que a média global: 63% registraram crescimento e apenas 13% tiveram redução nas vendas em 2019. No mundo, 55% das empresas familiares cresceram, enquanto 19% encolheram em 2019.Ao todo, 28% das organizações brasileiras esperam que a Covid-19 leve a uma redução nas vendas, resultado muito melhor que o global (46%).As metas de crescimento no Brasil também são ambiciosas para os próximos anos: 78% das empresas esperam crescimento em 2021 (mais que os 65% globais) e 85% em 2022 (86% no mundo).
Em resposta à Covid-19, as empresas familiares brasileiras deram mais apoio a funcionários, fornecedores e comunidade local do que a média global, mas uma parcela menor diz ter feito algum sacrifício financeiro.
De outro lado, as prioridades das empresas familiares brasileiras nos próximos dois anos são a expansão para novos mercados/segmentos de clientes, o aumento do uso de novas tecnologias, a melhoria das competências digitais e o lançamento de novos produtos/serviços.Para os pesquisadores e diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo, Carlos Arruda, as empresas familiares precisam se atentar para o fato de que a digitalização não é uma meta, é, sim, uma jornada.“A transformação tecnológica deve ser uma prioridade competitiva e parte do dia a dia da empresa. A pergunta é ‘como fazer’. Na escolha de como digitalizar, há uma influência setorial. Estamos vivendo um período de mudanças setoriais e, provavelmente, com o desaparecimento de empresas. No setor de educação, por exemplo, houve uma revolução sem tempo de preparo. Todo o setor migrou em curto prazo, sem adequação tecnológica e pedagógica. É uma mudança inevitável. As empresas familiares podem ter uma vantagem por serem multigeracionais. Os mais jovens migram para o digital com facilidade”, explica Arruda.
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